O DISCURSO PARADOXAL DA PUBLICIDADE CONTEMPORÂNEA
A publicidade contemporânea têm adotado uma postura ambigua no seu discurso. De um lado encontramos peças que estimulam ao consumismo,à aquisição dos produtos incansadamente.Leve para casa, use e jogue fora. É esse o ciclo do consumismo. Não guarde, não use muito tempo, ou você fica fora de moda, marginalizado(a) pelas tendênciaas atuais de estilos musicais, das passarelas, das cores que estão em alta para a coleção outono/ inverno, dos locais mais bem frequentados, dos livros mais lidos, das relações interpessoais e da aceitabilidade na sociedade em que vive. A sedução pelo desperdício tem sido a alma da linguagem sedutora da publicidade há tempos, até o momento em que a consciencia por uma vida sustentável entrou no rol das modas. É necessário, hoje, que se seduza pela preservação também. O discurso paradoxal ,então levanta uma problemática a ser refletida. Consumir ou preservar? Eis a questão e a discussão da sociedade atual. Nessa luta , são produzidos anúncios que lutam na arena paradoxal, numa apologia por uma
SEDUÇÃO PELO DESPERDÍCIO
ou
SEDUÇÃO PELA PRESERVAÇÃO
Das Tetas se Mama Cerveja
Com todas as multinacionais existentes, as que de fato dão, às agências de publicidade, uma fatia gorda nos seus lucros são as fabricantes de cerveja. E olha que são muitas; e por esse mesmo motivo, pela competitividade acirrada, vale tudo para vencer a concorrência. Tudo mesmo, a começar pelas tetas das modelos e atrizes, que dão cerveja de mamar aos marmanjos que babam diante da telinha, dos cartazes dos bares, das páginas de revista.
A exploração da sensualidade feminina na publicidade das cervejarias tornou-se algo comum. Por um período as maiores fabricantes disputavam, em seus anúncios, mulheres lindas e... peitudas, é claro! A coisa ficou tão chata__ as tetas foram caindo de moda. Era preciso inovar__ aí surgiram, no mundo criativo da publicidade, os bichinhos. Vamos lá galera, vamos usar bichinhos nos comerciais. Foi bicho pra todo lado__ era tartaruga fazendo embaixadinha no asfalto, caranguejo mostrando a “bunda”. Algo bem diferente, pelo menos mais incomuns que os peitos siliconados.
A febre dos bichinhos passou. E voltaram... adivinha quem? As tetas. Umas de dona ruiva, outras de dona morena, outras de dona loira. Tetas para todos os gostos, mas com cuidados mais cautelosos e eufemismos mais presentes. Em uma das propagandas, uma modelo sugeriu um strip-tease diante de Marcos Palmeira, Fábio Assunção, Murilo Benício e Eduardo Moscóvis. Sensualidade à flor da pele!
Mas a mesmice e a inovação não foram bem aceitas pelo Código de Ética dos profissionais da Propaganda, e entre as normas descritas surgiu: “Deverão evitar a exploração do erotismo”. Por isso os silicones foram postos de lado; e quanto aos bichinhos bonitos, o que parecia ter sido uma ótima idéia surgiu-se também uma norma nada boa para a criação publicitária: “ não deverão usar linguagem, recursos gráficos e audiovisuais pertencentes ao universo infantil, tais como animais “ humanizados”, bonecos ou animações que possam despertar a curiosidade ou a adoção de valores morais ou hábitos incompatíveis com sua condição”.
Sem tetas e bichinhos, a ilha da criatividade publicitária pulou para os homens; mas, é claro, acompanhados de mulheres. Óbvio, Ora essa! Quem são os maiores consumidores de cerveja? Os homens. E do que eles gostam? De mulheres. Raciocínio simples! Mas estas vem se mostrando mais comportadas e menos exploradas. Bem, mas as tetas continuam se destacando mais que suas próprias donas, e os homens continuam como bebês diante da TV__ mamando, as tetas de cerveja, das modelos siliconadas.
O que é que a Publicidade tem?
Adjetivo como Amigo tem
Amigo é aquele que está do lado para todas as horas. E esse não seria o contrário. Com uma enorme responsabilidade de qualificar os substantivos da publicidade, o adjetivo mergulha na sua mais profunda fonte de benefícios para tornar o simples num embelezado e irresistível produto, daqueles que é impossível não levara para casa.
Cara Precisa tem
A publicidade tem uma cara bastante objetiva e precisa, já que ela tem conduzir seu público-alvo à ação, à aquisição do produto( sem dar rodeios). Para isso é preciso impor precisão e seriedade; afinal ninguém conquista credibilidade com cara de palhaço.
Clareza e Inovação como Roupa tem
Roupa nova é sinônimo de inovação e clareza é sinônimo de seriedade. Por isso a publicidade não dispensa essas peças do seu guarda - roupa. Sempre inovando sua a aparência, sem nenhum baú de roupas sujas, z publicidade melhora sua estética com modelos novos cada vez mais atraentes.
Vigor como Emoção tem
Para tudo na vida temos que ter entusiasmo. Para trabalhar, para estudar, no caso da publicidade para vender e no caso do consumidor para comprar. Anunciar com entusiasmo é o caminho certo para despertar emoção e motivação no consumidor, de maneira que as dificuldades financeiras sejam engolidas pelo desejo de compra.
Olhar Conciso tem
Você já deu de cara alguma vez com um olhar que diz tudo? Provavelmente sim! Ele está espalhado por todos os lados e tem atraído a maioria dos que passaram por sua visão. Pois bem, a publicidade com um olharzinho mais conciso que qualquer outro que anda pelas ruas, diz com sua pupila dilatada o melhor caminho a seguir para encontrar a felicidade __ comprando, é claro!!!
Voz Imperativa tem
Quem tem como único objetivo vender, tem que imperar nos termos e orações. Afinal, a concorrência anda tão grande que uma voz baixa e tímida não ecoaria nos túneis da mente consumidora. A publicidade faz dos imperativos sua voz e ordena com seu jeitinho encantador o público que pretende atingir, aquele já estudado, analisado, pesquisado. Claro, se ela for com sua voz imperativa a um público que não lhe tem muita empatia pode se dar muito mal.
Alma Persuasiva tem
Dizem por aí que a propaganda é alma do negócio; e quem afinal é a alma da propaganda? Essa propagadora de uma economia global, de negócios arriscados tem que possuir uma alma poderosa, um santo forte e muita lábia... ou melhor, muita persuasão. Convencer á alma da publicidade; e inconscientemente ou conscientemente a persuasão induz de modo incrível as mentes urbanas em direção ao êxtase capitalista.
Adequação como desconfiomentro tem
A pior coisa que tem, é fulaninha querer brilhar em território que não te pertence. Falar do que não entende e querer que todo mundo ache graça. Olha, desconfiomento é fundamental para se dar bem. A publicidade, diante de tal questão, adequa-se perfeitamente bem aos objetivos que quer atingir. Fala a coisa certa, na hora certa, no local certo e, o mais importante, para as pessoas certas.
Criação de Rei
As idéias rolam
No rolo de branco
Encardido;
Ao deslize
Da BIC
Descarga na privada
Brecha da imaginação.
A mão escorrega...
O papel suja o risco
Ou
O risco suja o papel?
E o que é pior...
A merda no papel
Ou
A merda do risco no papel?
Ah, o que importa
É a criação
E a inspiração
Com tinta, merda
Ou papel na mão.
Mas não leve a mal,
Mas lave a mão
É só o raff.
O layout é que vale,
Desenrrolado e desmerdado
Pronto para ser apreciado.
O produto vem depois
Embrulhado
Pronto para ser levado.
O Mundo Perfeito
O moleque larápio
Furtou o rato do lixo;
A mulher elegante
Cuspiu preconceito;
O político difamado
saiu com os bolsos recheados;
O negro elegante
Cabisbaixo ficou
Diante da humilhação;
O cidadão idoso
Foi jogado
Num antro de maltratos;
O prefeito pérfido
Deixou corpos esqueléticos.
E depois de tudo isso
Vendem uma sociedade feliz.
Sobre a Inspiração
Maria - E agora José?
A inspiração acabou,
O entusiasmo faliu,
A criação se esvaiu.
José - Mas e agora Maria?
Deixe a falência de lado,
Traga o entusiasmo,
Jogue o inacabado no buraco
E traga o texto criado.
Maria - Mas como José?
Hoje não dá.
Não consigo nem rezar
A procissão de criar
José - Mas quem disse Maria,
Que para criar
Inspirado deve estar?
O tempo
Não espera inspiração,
Somente o dinheiro
Que se quer ter na mão.
Publicidade Kafkiana
O artista da fome some
Em meio a milhões.
O zero surge na metamorfose.
O zero que anda para a direita
Segue com sua ideologia esquerda
O artista da fome some
Cria asas após a metamorfose
O artista não é mais da fome
Porque o Zero, paradoxalmente,
Enche os estômagos vazios.
Pelo menos essa é a intenção.
Kalil Gibran e a Publicidade do Amor
A publicidade busca o eufemismo, as sublimações que driblam o estado consciente e marcam um gol no inconsciente. Ela busca ser literária, conotativa, metafórica, como um poema romântico que adoça o coração e estimula as emoções.
Khalil Gibran em “O Profeta” diz exatamente os predicativos da publicidade quando se refere ao amor. A publicidade é um amor? Não,acredito que não... ela é meio diabólica, mas sedutora; é a maçã de Eva, a serpente tendenciosa. Isso nos bastidores, mas no palco ela tenta ser como o amor__ doce, agradável. Olhe só como podemos trocar sem problema algum a palavra “amor” por publicidade nas palavras de Gibran.
Quando o amor [PUBLICIDADE] vos acenar, siga-o [A]
Embora seus caminhos sejam árduos e íngremes,
E quando suas asas vos envolverem, entregai-vos,
Embora a espada oculta em sua plumagem possa ferir-vos.
E quando ele [ELA] vos falar, acreditai nele [A]
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento do norte devasta o jardim.
Pois ainda que o amor [PUBLICIDADE] vos possa coroar,
Ela também vos pode crucificar.
Ainda que seja para vosso crescimento, também contribui para podar-vos...
Incrível como a publicidade se encaixa perfeitamente no lugar do amor. Ela diz: quando vos acenar siga-me --------ela acena através da televisão, outdoor, rádio, busdoor, painéis eletrônicos e todos os meios de comunicação.
Entregai-vos/ quando eu vos falar acredite----------- entregar-se! É o que ela mais quer que os consumidores façam, e afinal de contas , a publicidade oferece o que há de melhor__ praticidade, prazer, felicidade, elegância, comodidade.Tudo oferecido com base em pesquisas previamente analisadas.
A publicidade diz tudo isso, mas é claro que ela não diz os “poréns”, os “mas”, os “contudo”. E com toda a sua sublimação,a publicidade omite que, quem a seguir e envolver-se em suas asas, estará entregando-se a caminhos árduos e íngremes, ou seja, um caminho de gastos e dívidas; e também que estará despedaçando seus sonhos, como por exemplo prejudicar sua saúde consumindo refrigerante, cigarros, enlatados, fast food; ou ainda estará se crucificando, pois o fato de não fazer parte desse ciclo vicioso de consumo leva muitas pessoas à depressão, pois ela marginaliza-se da sociedade zumbi que segue os passos dos anúncios e se não tomar cuidado pega um caminho que a leva a uma cesta de lixo ao invés de lindos e felizes lugares que são publicizados.
Podemos dizer que a publicidade é sim como o amor. Ela vai nos sonhos, e os conquista, fazendo com que os sonhadores fiquem perdidamente apaixonados por seus produtos e serviços. Daí vem o consumo exacerbado, cada vez mais frequente e dependente de repetições diárias__ coisa boa para os cartões de crédito. Penetrar nos sonhos dos consumidores é imprescindível para uma conquista sem erros, afinal, oferecer bebida ao monge seria insensatez. A publicidade busca sim compreender através das pesquisas os desejos, comportamentos, anseios dos consumidores, afinal, conhecer o terreno antes de pisar nele é sem dúvida bem mais seguro, principalmente em si tratando de grandes investimentos. E como dizia o próprio Gibran,
“Aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”
Cicigaga....roros
Fazem bem aos bolsos de quem vende!
As fabricantes de cigarros insistiram durante muito tempo nas propagandas que ironizavam sua própria condição de existência. Desde quando um fumante cavalga léguas, numa disposição extraordinária quanto o caubói da Malboro? Sempre praticando exercícios físicos típicos de quem tem um pulmão sadio, compondo com sua elegância um cenário de clareza celeste, de branquidão nevada. Imagens bem irônicas para uma divulgação de cicigaga...roros. Coisa que só de falar dá pigarro.
Mesmo sabendo que causa tosse, pigarros, câncer, e inúmeras outras patologias, a publicidade insistia em colocar homens lindos, que respiram tranquilamente, que dispunham de um fôlego invejável para escalar montanhas, cavalgar, remar bote em águas violentas. As pessoas são idiotas ou coisa parecida? Sabem ou não que tudo não passa de uma utopia para o consumo? Sabem, sabem sim, mas ver o belo e não ter que lembrar que, as doenças e a fumaça nicotinada não existem é bem mais confortável.
Incomodado com o esquecimento proposital dos fumantes e com a vontade de experimentar dos futuros, o Ministério da Saúde colecionou, por muitos anos, frases de advertência. Mas percebendo que de nada adiantavam, até porque nem eram lidas, e sim amassadas numa carteira já vazia; o Ministério, já há alguns anos vem usando imagens realmente chocantes.
Trata-se de uma Guerra travada.
(sem falar que as propagandas de cigarros foram proibidas)
Mas não poderiam as próprias fabricantes advertir seus consumidores de tais riscos de saúde? Seria um ato de Responsabilidade Social! Hum,você acha que elas algum dia fariam isso? Acredito que não, pois cigarros só fazem bem aos bolsos de quem vende.
O Homem Contemporâneo e os Caminhos do Consumo e do Meio Ambiente
Tudo o que você consome é de fato necessário? Você já parou pra pensar que ao consumir você participa de uma cadeia, em que o meio ambiente é prejudicado? A falta de conscientização do cidadão contemporâneo quanto ao consumo exarcebado e a falta de preservação do meio ambiente são problemáticas que comprometem o presente e o futuro. Diante de tal comprometimento, dá para diminuir o consumo e preservar o meio ambiente com mais tenacidade?Isso talvez fosse muito agressivo para um consumidor compulsivo, então perguntaria a ele se dá para continuar consumindo e preservar o meio ambiente? Os publicitários, com certeza diriam que sim a essa pergunta; quer dizer, quanto ao consumo, já quanto ao meio ambiente talvez diriam ___ah, as embalagens e propagandas impressas dá pra reciclar.O que me pergunto é : Até quando as coisas podem ser recicladas? O reciclado um dia se tornará lixo, né? Dá pra reciclar um objeto a vida toda?
Sinceramente, acho que estamos vivendo na pele empoeirada, no nariz poluído, na mente consumista, nos estômagos de agrotóxicos, um velho ditado popular __ se correr o bicho pega se ficar o bicho come. E ai nos remetemos a mais perguntas: Em primeiro lugar, correr pra onde? Para a lua? A gravidade não permitiria, e além do mais, os ônibus espaciais quebram e explodem mais do que viajam..Segundo, correr de que? Da tecnologia, dos produtos confortáveis, práticos, personalizados, encantadores? Acho que não dá, a tecnologia hoje é indispensável ao modo de vida a que o homem contemporâneo está acostumado, e, além disso, a propaganda de tais produtos é o ganha pão de muitas agências de publicidade.
As empresas precisam divulgar seus carros, eletrodomésticos, computadores, e tantos outros produtos da era tecnológica. E nisso, vão-se criações e nascimentos de mais folders, cartazes, outdoors, embalagens, brindes, cupons, etc; que viram lixo em questão de dias, porque logo se tem algo novo para ser mostrado, divulgado, consumido. Trata-se de um “museu de grandes novidades”, como dizia o poeta Cazuza, que também cantou que o tempo não para.
O pior de tudo é que o tempo não para mesmo. O grande desequilíbrio, no entanto, é que o nosso tempo__ de correria, prazos a serem cumpridos, metas a serem alcançadas, reuniões em cima da hora, velocidade para fazer, executar, pensar, desfazer, criar de novo, cumprir a carga horária, cuidar da família, enviar o e-mail,, ler a mensagem. Ufa, um tempo cada vez mais veloz que se pudéssemos estenderíamos das 24 para 30 horas, e ainda assim, não daria tempo para fazer tudo. Uma velocidade desigual do tempo da natureza__que trabalha constantemente sem pausas e sem correria, sem pressa de criar asas e voar, com paciência para produzir as vidas mineral e vegetal, para decompor o corpo do homem que correu contra o tempo em busca da eficiência, da excelência, da felicidade, sem pressa para decompor os plásticos que lhes jogamos na cara.
O nosso tempo tem que respeitar o tempo do meio ambiente, e não o contrário. Nossa produção deve respeitar a produção da natureza. Isso hoje é uma questão de sobrevivência, e não um sentimento piegas, do tipo espiritualista. Produzir, vender, consumir, faz parte sim do nosso atual modo de viver, mas as culturas das sociedades são dinâmicas, mutáveis, e a nova condição do planeta não permite que fiquemos estáticos no vício consumista, que fiquemos apáticos quanto aos problemas ambientais, que continuemos tão escravos do capitalismo, a ponto de assassinarmos nosso próprio habitat.
Fala-se em sustentabilidade, mas o grande problema desta é a falta de união das partes. As agências de publicidade precisam divulgar os produtos? Sim. As empresas precisam criar produtos? Sim. Mas essas práticas devem ocorrer em menor escala, o que seria possível, a partir de um acordo entre empresas, acionistas, fornecedores, investidores, governo, sociedade civil.As medidas adotadas hoje são sim um caminho para a melhora, mas a conscientização plena ao aquecimento global , enchentes, tempestades devastadoras, terremotos ferozes, são ainda superficiais diante da dimensão do problema a que estamos submersos.
As partes ainda são somente partes, cada uma com seus interesses. Quando elas se tornarem um todo, e a fragmentação da competitividade, concorrência, lucratividade, top of mind, premiações banais, se tornarem o segundo objetivo, aí sim, todos estaremos de fato, engajados numa sustentabilidade e numa responsabilidade socioambiental sólidas. Estaremos posicionados no eixo central do problema e das possíveis soluções, e não em caminhos tangenciais. Para isso, no entanto, muitas vaidades devem ser deixadas de lado.
O que proponho com esse discurso, é a unificação das partes, em prol de um desenvolvimento responsável, de fato, e não em tese. Que continuemos com as tecnologias realmente necessárias à sobrevivência, e deixemos de lado as tecnologias, os artefatos futis, que virão lixo assim que satisfazem nosso ego. Ainda não somos conscientes o suficiente, a ponto de abrir mão da vaidade e do conforto. Como diz Cristovam Buarque, com qual finalizo esse artigo,
"Falta-nos um tsunami de consciência, que nos desperte para o risco provocado pela estupidez humana, que acredita ser um sinal de desenvolvimento o crescimento da produção que destrói o planeta. Talvez porque tenhamos perdido não só o instinto, como o que salvou os animais no Sri Lanka, mas também a capacidade de prever os resultados de nossas próprias ações".